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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

NA CONTRAMÃO

Jornal A Cidade - 4 de novembro de 2011 - capa: "Abatidos pelos automóveis: em 24 horas, sete pessoas, entre pedestres e ciclista, foram atropeladas em Ribeirão Preto. A maioria teve ferimentos leves. Uma vítima, atropelada no início da semana, morreu".

Na matéria, segue o de sempre: os ciclistas devem evitar acidentes fazendo isso, aquilo e utilizando tais equipamentos, isso dito por um Técnico da equipe de ciclismo de Ribeirão Preto, responsável pelo projeto da ciclofaixa. Dessas sete pessoas, seis estavam de bicicleta. Ora, não era o momento para dizer sobre a falta de estrutura para a gestão de mobilidade no município e a falta de infraestrutura para os ciclistas, que continuam disputando os mesmos espaços com os veículos motorizados?

Não é fatalidade o caso de Maria Lopes Ribeiro, que morreu quatro dias depois de ser atropelada. A fatalidade nesse caso é traduzida pelos esforços da gestão pública que vem incansavelmente melhorando nossas vias em benefício para uma mobilidade de qualidade para os pedestres e os ciclistas, que não podem disputar os mesmos espaços com os veículos motorizados - autorizados a saírem de suas casas, por enquanto, apenas aos domingos de manhã. Isso é fatalidade: gestão pública. De a honra de pelo menos a Sra. Maria descansar em paz, sabendo que sua vida foi o custo da ineficiência de outrem.

Contudo, na contramão dos investimentos em benefício à mobilidade dos pedestres e ciclistas de Ribeirão Preto, vire a página do jornal e leia "Novo cruzamento será aberto hoje" (vargas X fiúsa - obra foi bancada pela Multiplan e deve melhorar fluxo do trânsito na zona Sul). Multiplan que é responsável pelo Ribeirão Shopping, que exclui os usuários de ônibus (maioria funcionários das lojas) desse mesmo espaço ao não construir um miniterminal eficiente dentro do comércio, no estacionamento, como todos os demais shoppings fazem. Óbvio que é um espaço privado e podem optar pelo que querem, mas a partir do momento em que se quer arrumar vias públicas em benefício próprio, então se faz questionar até que ponto as paradas de ônibus também não precisam de recuperação, embelezamento e eficiência. Mas aí, qual usuário de ônibus vai pagar estacionamento?

Na contramão...