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sexta-feira, 30 de julho de 2010

TRÂNSITO E MOBILIDADE URBANA EM RIBEIRÃO PRETO

André Barioni*

     O artigo abaixo foi publicado no jornal Enfoque Ribeirão Preto (Julho/2009). No texto, procurei demonstrar na praticidade o que é a Mobilidade Urbana. Leia e faça comentários.
     Falar de trânsito quando todos estão certos de que não tem culpa é algo complicado. O trânsito nada mais é do que a concentração de veículos ou pessoas em um determinado espaço se movimentando. Onde há elevada concentração, damos o nome de congestionamento.
     Para explicar o nosso trânsito, o nosso problema, devemos levar em consideração que Ribeirão Preto possui um dos maiores índices de veículo por habitante. Em 2007, de acordo com a TRANSERP (2008), eram 1,7 pessoas por veículo. Também devemos considerar o preço da tarifa dos ônibus e a sua eficiência para os usuários realizarem seus deslocamentos, ou seja, aquele que pode, busca alternativas diferentes para se deslocar. Mulheres, crianças e idosos são os principais usuários dos ônibus, junto às pessoas que não possuem ainda condições financeiras para sair deste.
     Atualmente há duas linhas de pensamento sobre o trânsito, uma que acredita que este é provocado pela quantidade de veículos em uma cidade, e a outra, que acredita que é pela falta de investimento no transporte público. Uma discussão, que é o que geralmente acontece, não leva a nada, pois as duas linhas estão corretas. Para alguns autores, os problemas de trânsito fazem parte de um círculo vicioso: as pessoas param de usar o transporte público (por motivos óbvios) e isso provoca um aumento de veículos nas vias. Veja, esse aumento não é culpa das pessoas que deixam de usar o transporte público, pois ninguém classifica quem deve usar ou não um tipo de transporte.
     A mobilidade, muito mais do que o simples deslocamento, é a condição geral que o indivíduo tem para realizar esta ação, a disponibilidade de tipos de veículos e a infra-estrutura que existe. Por exemplo, não há infra-estrutura adequada em nossa região Sudeste que nos permita ir a outros lugares que não seja com veículos motorizados. Quem anda de bicicleta na Av. Maurílio Biagi com certeza entende o que estou dizendo. A bicicleta é um meio de transporte e deve ser usada como tal, mas, para isso, nós precisamos de condições.
     Muitas críticas e sugestões são publicadas sem respaldo científico, então, na função de cidadão pesquisador da área, enuncio alguns fatos que aqui ocorrem. Não entendam como provocações, mesmo porque não tenho interesse em discuti-las além dessa coluna.
     Ao pensar em Mobilidade Urbana, começo a refletir sobre as condições gerais do município: 1. Agentes do trânsito (marronzinhos) e radares em horário comercial; isso prova vários interesses, sendo o principal deles a aplicação de multas. Os acidentes mais graves ocorrem à noite e nesse horário não é feito o trabalho, ou seja, os acidentes graves não são prevenidos. Além disso, os agentes não tem o dever apenas de multar, devem educar e organizar o trânsito quando este possui algum problema. Com freqüência vemos pontos congestionados, mas nenhum agente tentando “educar o trânsito”; 2. Pouca eficiência para remover (resolver) um acidente de trânsito do/no trânsito! Essa falta de eficiência provoca congestionamentos, principalmente na área central, onde a infra-estrutura não suporta muitos veículos, por ser uma malha viária antiga, de uma época em que havia menos carros. 3. O shopping é um subcentro privado e pode cobrar pelo estacionamento; mas é um mito dizer que isso ocorre devido à falta de vagas para usuários, sobrecarregando de culpa apenas os funcionários. O fato é que estacionamento é garantia de lucro. Se o shopping tivesse realmente interesse em desocupar vagas, investiria no transporte público da cidade. Isso motivaria muitas pessoas a irem de ônibus por causa do preço do estacionamento, principalmente os funcionários, que gastariam bem menos por não precisarem sustentar veículos particulares. Mas, a parada do ônibus fica longe e é o “transporte público” da cidade, o que já diz tudo!
     Tenho mais alguns fatos para colocar, os quais ficarão para o próximo texto, pois as discussões são mais delicadas.

* Mestrando do Instituto de Geografia/ Laboratório de Trânsito e Transporte - IG/LATRAN - Universidade Federal de Uberlândia - UFU/MG.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

AS IDEIAS DAS PESSOAS DE RIBEIRÃO PRETO-SP, BRASIL PARA O TRANSPORTE PÚBLICO

TRANSPORTE COLETIVO
Vicente Golfeto – para o jornal A Cidade (15/07/2010)

Redigido por: André Barioni

Os transportes coletivos nas cidades atuam sob as formas de monopólio ou de cartel. Este normalmente nasce de um oligopólio que é uma situação de mercado em que existem poucos produtores e/ou vendedores de um serviço ou de uma mercadoria e uma quantidade muito grande de compradores. O oligopólio facilita a formação de cartel que nada mais é do que um acordo entre empresas a fim de eliminar a concorrência, prejudicando o consumidor.

É por isso que, como energia elétrica, derivados energéticos de petróleo – sobretudo gasolina – telefonia, água, dentre outros, são produtos adquiridos mediante tarifa. E não preço. A tarifa é um preço administrado enquanto o preço é resultante da lei da oferta e da procura.

Além da falta de concorrência os transportes coletivos precisam ocupar um local especial nas prioridades da política urbana de trânsito. No caso da tarifa, é preciso que ela seja revogada pelo próprio mercado. Instaurando a concorrência, pluralizando a oferta dos serviços por diversas empresas, os transporte coletivos podem começar a melhorar. Com preços mais módicos.

No amplo e conturbado campo do trânsito, os transporte coletivos precisam ser priorizados. Omnibus, em latim, quer dizer para todos. Um ônibus – fácil ver – transporta muito mais pessoas do que um automóvel, transporte individual. O trânsito é uma instituição democrática. Que é o império da maioria.

Em sendo império da maioria, ônibus – instrumento do transporte coletivo – tem que ter artérias especiais para circular. Aumentaria a velocidade, atenderia mais pessoas e melhoraria o I.P.K que é o índice de passageiro por quilômetro rodado.


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Resposta de André Barioni*

Transporte “Público”

Caro Golfeto, o trânsito não é uma instituição democrática e nem tudo é feito por concorrência. Além disso, sabemos que o mercado é injusto por natureza e não cumpre a lei da oferta e da procura, como você mesmo colocou quando citou o oligopólio, e, depois, se contrariou, quando disse que Ribeirão Preto-SP precisaria ter mais empresas oferecendo o serviço de transporte público. Ora, a consequência disso é o aumento do problema social que já existe com os meios de transporte e a circulação. Mais empresas não garantem qualidade de serviço, veja São Paulo. Mas, continuemos com a tarifa, pois este é o motivo pelo qual escreveu o texto. Os problemas são os círculos viciosos, como o da tarifa: aumenta a tarifa e mais pessoas deixam de usar o transporte público. Como quem deixa de usar são os usuários/trabalhadores (comum – paga toda a tarifa), que podem fazer isso e, que não podem depender da “vontade” do sistema de transporte, faz sem perceber que prejudica ainda mais o sistema. Porém, eles não podem ser responsabilizados. Assim, sobram os idosos (que são isentos da tarifa) e os adolescentes/estudantes (que pagam por meia tarifa). Dessa forma, já que estes não pagam o suficiente para o serviço funcionar, aumenta novamente a passagem e, mais pessoas deixam de utilizar o sistema, gerando, com o tempo, outro círculo vicioso: o do transporte urbano. Estes são os mais graves problemas do transporte público em países em desenvolvimento, os círculos viciosos que acontecem por falta de políticas públicas que não priorizam o transporte público, apesar de vivermos em um país democrático, como você mesmo disse. Veja, os idosos e os estudantes têm esse direito e não estou aqui discutindo isso, porque, se fosse, incluiria os estudantes também como isentos. Além dos círculos viciosos, o transporte público tem outros problemas, como o de não conseguir oferecer serviço eficiente em relação às possibilidades para as pessoas realizarem diversas atividades pelo itinerário, como os outros meios de transporte oferecem. Mas, apesar de ter que melhorar em muitos aspectos, acredito que ele não precise de concorrência e de tarifas diferenciadas, conseguidas com a invasão de mais empresas. De acordo com a Constituição o transporte público é um serviço essencial, público. Então, se o caminho for o do mercado, é preferível fazer como em Nova York, comece a estatizar o transporte público porque o mercado não dá conta, como agora, que é preciso reajustar novamente a tarifa. O correto é o subsídio, e a tarifa ao preço de um real ou menos. Isso incentivaria o seu uso. Ora, e novamente, a Administração Pública, assim espero, não quer piorar o problema social que já existe com a circulação e os meios de transporte, então, esqueça a concorrência e simplesmente assuma que a falha é a gestão pública.

*André Barioni, mestrando em Geografia dos Transportes.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma idéia inovadora para melhorar a qualidade do transporte público

Blog do ônibus

Por Mariana Ghirello (ultimainstancia.uol.com.br)

“Uma experiência fantástica”. Essa é a opinião do promotor Saad Mazloum, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, sobre o blog criado para apurar se os serviços de transporte público prestados pela SPtrans estão sendo realizados com qualidade.

Idealizador da página na Internet, o promotor explica que ela faz parte do inquérito civil 740/2008 instaurado a partir da reclamação de Moisés Jardim P. de Araújo, que reclamou de apenas uma das linhas da Capital.

“No decorrer da apuração eu percebi que o problema era muito maior, e o corpo de peritos não seria suficiente, por isso blog” disse Mazloum. Para ele, o blog permite a participação da população e torna a investigação mais transparente. “Quando você faz uma reclamação na prefeitura, não é possível saber quantas outras existem. Mas pelo blog você divide isso com todo mundo”, ressalta.

O blog recebe reclamações de intervalos excessivos, superlotação, excesso de velocidade, atrasos e coloca à disposição do usuário informações sobre as partidas e intervalos de todas as linhas que circulam por São Paulo.

O promotor explica que consegue conversar com o usuário de transporte público, e conta que uma cidade do tamanho de São Paulo precisa ter a participação efetiva da população. “Tem gente que acorda às 4h e fica no ponto, anota tudo e me passa pelo blog”, diz.

Mazloum, no entanto, é cuidadoso na publicação das mensagens. “Tem funcionário que aproveita para criticar a empresa”, fato que, segundo ele, poderia fazer com que o blog perdesse o foco.

A iniciativa é pioneira e levanta questões como o uso de depoimentos colhidos na Internet como fundamento de futuras ações. O promotor diz que a investigação poderia ter sido feita por e-mail, mas que não teria o alcance que tem a outra ferramenta. “Se eu for usar algum desses depoimentos, é claro que vou checar a veracidade das informações postadas”, completa.

Para o advogado especialista em crimes virtuais Jair Jaroleto Junior o blog é legítimo, “desde que não desrespeite nenhum direito do investigado”. Segundo o advogado, a Internet pode levantar dúvidas quanto a verdade dessas informações que estão sendo prestadas pelos cidadãos.

Entre e conheça como funciona.



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Como Ribeirão Preto não possui um blog específico como o de São Paulo, você pode enviar suas reclamações para este blog. Aguardo os depoimentos. Vamos ver se um promotor se interesse pelo assunto.