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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

De “cartão postal” no século XX, ao abandono no século XXI

O ano é 2022, e vamos falar de uma avenida centenária do nosso município. É a “Avenida Independência”, em Ribeirão Preto, que aliás, merece mais atenção de todos, em especial da gestão municipal. Para comemorar o centenário da Independência do Brasil foi inaugurada em 1922 a Avenida “Nove de Julho”, mas com o nome de Avenida Independência. O seu nome foi alterado em 1934 para Nove de Julho, em mais uma homenagem, agora à Revolução Constitucionalista de 1932[1].

Nasceu pequena, mas percebam que com grandes homenagens, pelo menos nos nomes. O seu trecho inicial compreendia a área entre as ruas Tibiriçá e São José. Os estudos para o seu prolongamento vieram em 1949. Junto, também vieram as Sibipirunas (40 árvores, nativas, Mata Atlântica, de grande porte) e os paralelepípedos, pelo menos entre as ruas Barão do Amazonas e Cerqueira César[2].


Durante a década de 1960 a avenida abrigou algumas das principais mansões de propriedade da elite econômica da cidade; posteriormente em função de sua posição privilegiada (vetor sul da cidade) consolidou-se como um importante setor bancário. Em 1981 existiam 04 agências de bancos internacionais e nacionais instaladas na Avenida Nove de Julho, já em 1987 existiam 12 agências, e no ano de 2000, 25 agências. <https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/arquivo-publico-historico/avenida-nove-de-julho>.

 

Ela continua famosa, linda e charmosa, mas sua importância para a gestão municipal não está à altura. Tanto que na modernização do traçado do transporte público ela não é nem citada. Pelo menos a sociedade não está sabendo. O que temos anunciado por jornais é a construção do primeiro túnel de Ribeirão Preto, passando por baixo da avenida Nove de Julho, para ligar as avenidas Independência e Presidente Vargas. E veja só, essa obra está parada por tempo indeterminado[3].

De uma das mais belas avenidas do interior paulista, das principais mansões abrigando a elite cafeeira, refletindo as influências da Belle Èpoque[4], a ponto de encontro e a prostituição e lazer. Ainda cedo usa-se esta avenida para caminhar, correr e fazer exercícios. Mas nada disso sobrou, nem mesmo a prostituição, que se deslocou para o Boulevard.

De residencial a comercial. Entravam em cena as fachadas e painéis luminosos que não duraram muito. Até recentemente tinha sobrado um exemplar na Casa da Clube, mas que nem isso existe mais. Já foi trocado. Se por um lado ainda resistem os bancos e farmácias, por outro os laboratórios fazem dela um ponto de referência. Tem clube em uma ponta, a sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto (RECRA), e no seu outro extremo, um grande supermercado. Tem padaria, lojas, restaurantes, entre tantos outros comércios. Mas também tem muitos imóveis parados, aguardando para serem alugados ou vendidos. E está assim por estar abandonada! É um reflexo.

Dividida por uma obra parada, temos duas histórias distintas para uma mesma avenida. Para um lado, paralelepípedos malconservados, calçadas públicas do canteiro central (mosaico português) depreciadas e um tráfego de veículos quase extinto. Este é o lado dos bancos. Tal situação parece até proposital. Por sorte, a avenida é tombada e resiste ao recapeamento, desejo de muitos por aqui[5]. Lembrando que paralelepípedo é muito melhor que asfalto, pois diminui a velocidade, é mais ecológico, possui maior durabilidade, é mais resistente ao tempo e favorece o escoamento da água, além de fácil manutenção, apesar de ouvirmos o contrário da boca daqueles que querem arrancá-los. Para o outro lado, asfalto esburacado a cada chuva, cheio de deformações provocadas por anos de recapeamento de buracos e sem sinalização adequada para pedestres. E o calçamento central, uma lástima. Talvez, a única coisa comparável em ambos os lados.

Em 2012 divulguei matéria neste blog[6] apontando a falta de sinalização na Avenida Nove de Julho e as dificuldades que os pedestres tinham pela frente. Após 10 anos, retorno aqui para uma nova nota para mostrar que aqueles problemas não foram resolvidos e, agora, pior, o abandono é geral, daquela que já foi considerada um “cartão postal”. Vamos aos detalhes.

A Figura 01 é um bom exemplo de falta de sinalização, em especial para os pedestres. Não há faixas ou semáforos que possam ser utilizados pelos pedestres. As folhas amarelas no chão são lindas, e devem manter as árvores, mas estas flores viram um tapete escorregadio. Nessa esquina, temos dois laboratórios atendendo muitas pessoas, em especial idosos.

 

Figura 01 - Cruzamento da Nove de Julho com a rua Vicente de Carvalho

Fonte: Google Maps

 

Na Figura 02, a situação é idêntica à anterior. Aqui temos um cruzamento com laboratório, hotel e agência bancária, estabelecimentos que, pelos serviços que oferecem, atraem muitas pessoas. E certamente, em algum momento, elas serão pedestres. Além disso, algo constatado já há algum tempo, em nenhuma das duas figuras são mostradas lixeiras. São praticamente inexistentes ao longo da avenida[7].

Devemos lembrar que o traçado urbano muitas vezes é lembrando nos livros de história, porém aparece ligado a outros fenômenos, como enchentes, casarões, homenagens, entre outros, mas não temos uma descrição dos planos de circulação e mobilidade. São raros os mapas, mesmo sabendo que Ribeirão Preto sempre foi um município importante: moradia dos barões do café, Califórnia brasileira e hoje, a capital do agronegócio, só para citar alguns rótulos famosos por sua economia.

 

Figura 02 - Cruzamento da Nove de Julho com a rua Guimarães Passos

Fonte: Google Maps

 

Tudo bem que esta preocupação com o traçado urbano veio em tempos recentes, com ênfase dada pela última constituição. Contudo, ainda hoje não vemos uma descrição quando o assunto é o futuro das cidades. São vários debates realizados, organizados tanto pelo setor privado quanto pelo público e ficam sempre nos assuntos tradicionais, políticos: educação, turismo, economia, segurança etc. Não que não sejam importantes, mas a mobilidade urbana precisa integrar todos estes assuntos. Hoje Ribeirão Preto é um canteiro de obras, tudo isso para trazer a “modernidade” de faixas exclusivas ou prioritárias para ônibus? Acho que os prefeitos do começo do século XX tinham visões mais progressistas. Tínhamos que falar hoje em VLT (Veículo Leve sobre Trilho).

Mas não, vamos continuar priorizando o automóvel. Por isso, as Figura 03 e 04 são simbólicas, da obra do primeiro túnel de Ribeirão Preto. Cidade moderna por aqui é formada por túneis, viadutos, pistas largas e semáforos para os automóveis, enquanto mundo afora é formada por ciclovias e ciclofaixas, arborização urbana, integração do transporte coletivo elétrico e investimento pesado no uso dos veículos não motorizados.


Figura 03 – Obra de túnel paralisada, dividindo a Avenida Nove de Julho

Fonte: www.acidadeon.com/ribeiraopreto/cotidiano/cidades/NOT,0,0,1619496,Obra-de-tunel-em-Ribeirao-esta-parada-por-tempo-indeterminado.aspx

 

Figura 04 – Obra de túnel paralisada em Ribeirão Preto

Fonte: https://bit.ly/3FtEjjx

 

Nas figuras seguintes, verifica-se um pouco daquilo que já foi mencionado aqui. O descaso com o conserto dos paralelepípedos para a sociedade, no futuro, apoiar a troca deste tipo de pavimento por asfalto. As folhas amarelas das Sibipirunas que deixam o chão escorregadio e perigoso. A falta de sinalização para pedestres e de lixeiras deste lado da avenida. E um quarteirão de imóveis fechados muito provavelmente por conta deste abandono. O que sobrevive aí desempenha um papel de atração de consumidores de outros lugares, como bancos, restaurantes (alguns fastfoods) e laboratórios ou dependem dos estabelecimentos que empregam ou movimentam muitas pessoas, como é o caso da RECRA, da Diretoria Regional de Ensino, das escolas e dos hospitais.

 

Figura 05 – Pavimento desnivelado na Avenida Nove de Julho

https://www.marcospapa.com.br/wp-content/uploads/2018/08/9-de-julho-Revide.jpeg

 

Figura 06 - Pavimento desnivelado cria poças d’água que podem espirrar nos pedestres

https://emc.acidadeon.com/dbimagens/nove_de_1200x675_01122021171056.jpg

 

Figura 07 – Folhas das Sibipirunas que se acumulam no chão

https://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/0a/b4/41/78/dsc-0008-2-largejpg.jpg

 

Figura 08 – Avenida Nove de Julho sem sinalização para pedestres

https://mapio.net/images-p/21960220.jpg

 

Figura 09 – Estabelecimentos fechados para alugar

Fonte: Google Maps.



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Situação do transporte coletivo de Ribeirão Preto

Para não quebrar a cadeia econômica da indústria automobilística no nosso país, particularmente em Ribeirão Preto, juntamente com uma política econômica neoliberal, o transporte coletivo urbano, que não é e nunca foi público, vem perdendo a cada ano milhares de passageiros.

Uma coisa é certa, quanto menos usuários, mais cara é a tarifa para sustentar o sistema funcionando. Ou, fazer o que ocorreu no nosso município – em uma nova licitação e plano de operação do sistema – otimizar o serviço. Isso não significa qualidade, mas sim menor gasto para com o sistema funcionar.

É óbvio que algumas coisas na operação melhoraram, porém, quase nada de infraestrutura foi criada ou recuperada com a entrada do Pró-Urbano, como os terminais prometidos na licitação, que devem ser entregues em 2014, os centrais, pelo menos, mas que não possuem obras iniciadas até o momento.

Contudo, enquanto aguardávamos como brasileiros que somos pela vontade dessa relação público-privado, em São Paulo, o aumento da tarifa do transporte coletivo gerou manifestações de insatisfação sem controle, que se esparramaram por todo o país. Pelo menos para o setor dos transportes, esse fato foi importante para todas as pessoas que usam meios de transportes, individual ou coletivo. Estabilizou o círculo vicioso da política de transporte de retirar mais pessoas do transporte coletivo e enviá-las para as vias usando, agora, veículos particulares. No balanço da Folha de São Paulo (6/7/2013, C5), concluiu que as “tarifas caíram para 70% da população das grandes cidades. 58 grandes municípios do país tiveram queda no preço do transporte público. 27% da população brasileira foi beneficiada com redução da tarifa”. E isso só foi possível graças a desoneração de impostos do Governo Federal. Ou seja, não significa melhorias, mais qualidade e conforto, significa, apenas, que o governo federal vai receber menos impostos, que não é uma alternativa viável do ponto de vista dos manifestantes. Esses querem que as empresas tenham menos lucro final, pois é muito fácil enriquecer-se por meio da exploração de usuários do transporte público. 

A questão é que quem adota essa política de contrato licitatório para oferecer o serviço de transporte “público” é o governo que, aliás, é o responsável também por fiscalizar e cobrar as metas estipuladas no processo de licitação. No nosso caso, a TRANSERP é o órgão público responsável pelas políticas de transporte e mobilidade do município de Ribeirão Preto. E, segundo o seu superintendente, a política adotada, com o serviço prestado, tem como objetivo atrair pessoas para o transporte coletivo. Ou seja, que a pessoa deixe o seu veículo particular em casa e passe a usar os meios coletivos do município. Esse é um pensamento correto, basta saber que o deslocamento se tornou um problema urbano em todas as grandes cidades.

Mas, como tudo é conversa, bonita ou não, sabemos que gestão pública não se faz isoladamente. Dessa forma, TRANSERP, Governos Municipal, Estadual e Federal devem ter o mesmo objetivo – investimento nos transportes coletivos. Para tanto, não havendo essa troca, verificou-se que o número de veículos particulares no país não para de crescer. “Para cada dez habitantes de Ribeirão Preto existem quatro carros e duas motos em circulação na cidade, média acima da registrada em todo o Estado e também no País” (A Cidade – 4/7/2013), enquanto “O transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto deve perder quase três milhões de usuários durante este ano, média de 8 mil por dia” (A Cidade – 2/7/2013).

Conclusão: algo está errado e o mais absurdo é que o “Trevão do governo estadual” é uma obra contrária a política da TRANSERP – pelo menos, no entendimento da atração de usuário – um investimento no transporte privado ao invés de uma sistema de transporte coletivo eficiente, de qualidade entre os vários municípios vizinhos.

Fonte: Enfoque Ribeirão - Jul.2013 - Texto: André Barioni


Jornal A Cidade - 31/7/2013
Fonte: >

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Veto a ISS faz Ribeirão perder incentivos federais

Reportagem: http://www.jornalacidade.com.br/politica/NOT,2,2,860168,Veto%20a%20ISS%20faz%20Ribeirao%20perder%20incentivos%20federais.aspx

Ribeirão Preto pode ficar de fora do Reitup (Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros), por não ter aprovado a redução do Imposto Sobre Serviços (ISS) para as empresas do setor do transporte coletivo. A inclusão do município nesse regime poderia fazer com que a tarifa caísse para R$ 2,35.

A redução ou, até mesmo, a isenção) são requisitos para qualquer município conseguir tarifas de ônibus mais baixas, através da ampliação de benefícios fiscais às empresas. 

Nesta quinta-feira (4), a Câmara de Ribeirão Preto acatou parecer da Comissão de Legislação e Justiça que considerou ilegal a redução do imposto, por tratar-se de renúncia de receita.

Assim, mesmo que o Reitup (projeto de lei 310/2009) seja aprovado na Câmara Federal e sancionado pela presidente Dilma Rousseff (PT), Ribeirão Preto fica fora dele.

Para o superintendente da Transerp (Empresa de Transporte e Trânsito de Ribeirão Preto), Willian Latuf, Ribeirão Preto vai na contramão do restante do Brasil. “São Paulo já dá isenção de ISS ao transporte. O governo federal acabou de fazer o mesmo com o PIS [Programa de Integração Social] e Cofins [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social]”, falou Latuf.

Além do ISS, as empresas também pagam ao município uma taxa de gerenciamento e fiscalização. No entanto, na semana passada, Latuf afirmou que a Transerp não tem como abrir mão dela. “Somos uma empresa de economia mista e não recebemos dinheiro da prefeitura. Por isso, a taxa de gerenciamento é vital”, explicou.

A reportagem enviou e-mail a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da prefeitura questionando o que seria feito em relação à isenção de ISS, mas não obteve resposta. O jornal também procurou o vereador Walter Gomes (PR), presidente da Comissão de Justiça, mas ele não atendeu o celular.

Tarifa poderia ser de R$ 2,35

Caso o Reitup seja aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado pela presidente Dilma Rousseff, a inclusão de Ribeirão Preto no programa poderia fazer com que a tarifa por passageiro no transporte coletivo local caísse para R$ 2,35. O valor é bastante inferior ao que pede o Movimento Passe Livre (MPL), de R$ 2,60.

A queda de R$ 0,45 poderia ocorrer pela aplicação sucessiva dos benefícios. Hoje, os R$ 2,80 pagos em Ribeirão já são consequência da isenção do PIS/Cofins do governo federal, que fez os R$ 2,90 de então caírem R$ 0,10.

Segundo a assessoria do Senado, a adesão ao Reitup pode significar decréscimo 15% na tarifa de R$ 2,80, ou seja, cerca de R$ 0,40. Com isso, a passagem passaria a custar cerca de R$ 2,40.

A esse valor, poderia incidir ainda a isenção do ISS (Imposto sobre Serviços) que, segundo a Transerp, poderia baixar a tarifa em mais R$ 0,05, fazendo com que pudesse ficar em R$ 2,35.

Advogado contesta lei

Segundo o advogado Marco Aurélio Damião, especialista em administração pública, a prefeita Dárcy Vera pode reapresentar o projeto de isenção do ISS quando quiser.

Isso porque, para ele, existe conflito entre o parágrafo 2º, do artigo 45, da Lei Orgânica do Município (LOM) e o artigo 67 da Constituição Federal. As normas municipais apontam que a prefeita Dárcy Vera poderia reapresentar o projeto de isenção do ISS quando quiser.

O especialista alerta, porém, que pelas regras federais, a matéria só poderia ser colocada em votação no Legislativo com a permissão da maioria absoluta dos parlamentares da Casa de Leis (12 vereadores).

“Em minha opinião, a Lei Orgânica do Município é inconstitucional, por desatender à regra do processo legislativo contida na Constituição Federal. Essa lei obriga à anuência expressa da maioria absoluta dos membros da Casa Legislativa”, explicou Marco Aurélio Damião.





Movimento Passe Livre Ribeirão Preto - Nota sobre reportagem do Jornal A Cidade

O ISS E A PERDA DE RECURSOS DO GOVERNO FEDERAL:

Recentemente, uma matéria divulgada pelo jornal "A Cidade" sustenta a hipótese de que Ribeirão Preto fora excluída do processo de participação do REITUP (Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros) "por não ter aprovado a redução do Imposto Sobre Serviços (ISS) para as empresas do setor do transporte coletivo", indicando, ainda, que "a inclusão do município nesse regime poderia fazer com que a tarifa caísse para R$ 2,35". Tal texto provocou uma série de conclusões equivocadas e inverdades que cabem nesta nota esclarecimentos.

Tal regime (REITUP) ainda não foi instituído, de modo que é enganosa a ideia de que "Ribeirão Preto perdeu incentivos federais". Conforme prevê o projeto de lei (PLC n. 310/2009) que cria o REITUP, quando ele for instituído será firmado convênio entre a União e os Municípios interessados em participar, prevendo as contrapartidas mínimas dos municípios (artigo 2, I, a). Antes do convênio, é impossível prever quais serão as regras para participar do regime. O que é possível saber desde já é que o projeto fala em "redução, isenção ou não incidência de tributos municipais" (artigo 2, I, a, 1), e o ISS é apenas um desses tributos. Não há nada no projeto que indique a obrigatoriedade da isenção do ISS pelos Municípios, tornando enganosa a notícia veiculada pelo jornal "A Cidade". É importante deixar claro que nós do Movimento Passe Livre de Ribeirão Preto, estamos analisando a realidade das políticas públicas desenvolvidas pela administração desta cidade de um outro viés ideológico: "O QUESTIONAMENTO DA ALTA LUCRATIVIDADE DAS EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE PÚBLICO".

A proposta do movimento é amparar a diminuição da tarifa na diminuição dos lucros dessas empresas, e foi por isso que reivindicamos transparência e acesso às contas da concessionária. Há aí um interessante grau de radicalidade política (no sentido etimológico, de ir às raízes). A isenção tributária pode ser uma medida acessória, mas enquanto não passarmos a questionar os altos lucros das grandes empresas, e o próprio modelo de gestão e financiamento do transporte público, não alteraremos a dinâmica socioeconômica da nossa realidade política. Até quando vamos tolerar que as concessionárias de serviços públicos lucrem milhões? Até quando vamos tolerar serviços de baixa qualidade no transporte municipal e na coleta de lixo?

A redução da tarifa baseada na desoneração de impostos, importante fonte de receita do Poder Público, é uma medida superficial que não altera em nada a gestão e o financiamento do transporte público. Apesar da redução significativa que a tarifa poderia sofrer a curto prazo, a médio/longo prazo seu valor voltaria a subir, gerando os mesmos problemas atuais. A desoneração é uma política que, apesar de apresentar-se como milagrosa, é a antessala para uma catástrofe, uma vez que além de diminuir a receita do Estado, não garante melhorias no transporte público e nem uma maior democratização do acesso à cidade.

Planilha do valor da tarifa do transporte público em RP

O abacaxi da planilha - por Murilo Pinheiro (REVIDE)

Postado em 11 de Julho de 2013 às 16:07 na categoria Venenos e Antídotos
Quanto seria o valor da tarifa para oferecer um serviço de qualidade à população, permitindo que as permissionárias tenham uma rentabilidade que não seja abusiva, mas que ao mesmo tempo contemple a realização de novos investimentos?
R$ 2,00, R$ 2,60 e R$ 2,75 ou R$ 2,90? Os estudantes não pagam passagem em Ribeirão Preto. A lucravitidade das empresas de ônibus, das empresas de pedágio e de tantas outras prestadoras de serviço da administração pública, historicamente, sempre foi uma caixa-preta. Os vereadores de Ribeirão Preto não aprovaram a redução da tarifa com a isenção do Imposto Sobre Serviço (ISS). Pressionada, a Prefeitura de Ribeirão Preto entregou aos vereadores, na Câmara Municipal, a planilha de custos do transporte coletivo urbano, bem como o contrato da concessão com o Consórcio PróUrbano. O promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio Silveira, solicitou que os custos fossem analisados pelo professor André Costa da FEA/USP.

domingo, 14 de julho de 2013

Entenda o Projeto de Lei Tarifa Zero





Publicado em 12/07/2013
www.tarifazerosp.net/participe

Produção coletiva de vídeo realizada pelo Projeto Cala-boca já morreu e pelo Coletivo EntreLinhas, como colaboração para a Campanha Tarifa Zero.

São Paulo, julho de 2013

Trilha sonora: Samambaia (Pipo Pegoraro/Kika)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Situação do transporte coletivo

A TRANSERP é o órgão público responsável pelas políticas de transporte e mobilidade do município de Ribeirão Preto. O Consórcio Pró-Urbana é o vencedor da licitação que permite ao grupo de empresas (quatro) explorarem o transporte público do município. As empresas cobram tarifa dos usuários que, por meio desse pagamento, desejam receber um serviço de qualidade, eficiente e seguro de transporte público.

O sistema de transporte é elaborado pela TRANSERP. Já a operação privatizada (exploração no período de 2013 até 2032), é feita pelo grupo de empresas denominado Pró-Urbano.

Inicialmente, “a integração será feita por todos, que pagarão a mesma tarifa (única, de R$ 2,70)”. Essa era a proposta. Porém, o valor inicial adotado em 2013 foi de R$ 2,90. A Prefeitura, como estratégia política, “forneceu” a gratuidade aos estudantes de escolas públicas. A palavra forneceu aparece entre aspas porque a Prefeitura aceitou que parte do investimento inicial que o consórcio deveria aplicar no município fosse simplesmente trocado para garantir essa gratuidade. Ou seja, em um momento oportuno, eleitoral, garantiu para um único ano a gratuidade prejudicando a todos que utilizam do transporte público no momento em que prioriza e classifica um grupo de pessoas: os estudantes. Talvez, e mais correto, seria o caso de cumprir com o valor citado inicialmente de R$ 2,70, pois, o que garante que esses R$ 0,20 não estariam cobrindo essa gratuidade, ou mesmo o futuro dessa gratuidade? É uma questão a se pensar!

Contudo, vieram os protestos. Nesse ano, de 2013, o aumento da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo levou milhares de pessoas às ruas. Essa foi uma convocação do MPL (Movimento Passe Livre) que conseguiu reunir toda a população que estava insatisfeita não somente com o serviço oferecido de transporte, mas, de modo geral, com a forma de governar o país. Estamos vivenciando um momento de reflexão sobre a gestão pública, dos impostos e gastos do nosso dinheiro, dos investimentos em setores que não serão aproveitados futuramente, uma reflexão sobre reformas, profundas reformas que o país necessita passar!

Diante disso, os manifestantes, com o apoio e organização do MPL de Ribeirão Preto, vêm constantemente lutando pelos seus direitos para ter um transporte público de qualidade a um preço justo. Nesse momento, o preço da tarifa diminuiu R$ 0,10 pelo fato do Governo Federal se abdicar de certos impostos como uma tentativa de diminuir os protestos pelo Brasil, principalmente em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Mas, para os manifestantes, as empresas, pelo momento econômico que o país passa, precisam ser afetadas também. Nesse momento, a Câmara Municipal é o alvo, considerando que é o órgão que pode abrir uma CPI para investigar, junto ao Ministério Público, o orçamento e o faturamento dessas empresas no nosso município.



Manifestantes acampados em frente da Prefeitura!



Panfleto distribuído para a população.




Gráfico sobre a evolução da tarifa.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Exemplo de luta - Porto Alegre lutou!

Vídeo ótimo! Foi apresentado pelo parceiro do grupo MobilidadeUrbanaRP, Gabriel Clemente. Vídeo disponível no YouTube.com. - coletividade!