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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Situação do transporte coletivo de Ribeirão Preto

Para não quebrar a cadeia econômica da indústria automobilística no nosso país, particularmente em Ribeirão Preto, juntamente com uma política econômica neoliberal, o transporte coletivo urbano, que não é e nunca foi público, vem perdendo a cada ano milhares de passageiros.

Uma coisa é certa, quanto menos usuários, mais cara é a tarifa para sustentar o sistema funcionando. Ou, fazer o que ocorreu no nosso município – em uma nova licitação e plano de operação do sistema – otimizar o serviço. Isso não significa qualidade, mas sim menor gasto para com o sistema funcionar.

É óbvio que algumas coisas na operação melhoraram, porém, quase nada de infraestrutura foi criada ou recuperada com a entrada do Pró-Urbano, como os terminais prometidos na licitação, que devem ser entregues em 2014, os centrais, pelo menos, mas que não possuem obras iniciadas até o momento.

Contudo, enquanto aguardávamos como brasileiros que somos pela vontade dessa relação público-privado, em São Paulo, o aumento da tarifa do transporte coletivo gerou manifestações de insatisfação sem controle, que se esparramaram por todo o país. Pelo menos para o setor dos transportes, esse fato foi importante para todas as pessoas que usam meios de transportes, individual ou coletivo. Estabilizou o círculo vicioso da política de transporte de retirar mais pessoas do transporte coletivo e enviá-las para as vias usando, agora, veículos particulares. No balanço da Folha de São Paulo (6/7/2013, C5), concluiu que as “tarifas caíram para 70% da população das grandes cidades. 58 grandes municípios do país tiveram queda no preço do transporte público. 27% da população brasileira foi beneficiada com redução da tarifa”. E isso só foi possível graças a desoneração de impostos do Governo Federal. Ou seja, não significa melhorias, mais qualidade e conforto, significa, apenas, que o governo federal vai receber menos impostos, que não é uma alternativa viável do ponto de vista dos manifestantes. Esses querem que as empresas tenham menos lucro final, pois é muito fácil enriquecer-se por meio da exploração de usuários do transporte público. 

A questão é que quem adota essa política de contrato licitatório para oferecer o serviço de transporte “público” é o governo que, aliás, é o responsável também por fiscalizar e cobrar as metas estipuladas no processo de licitação. No nosso caso, a TRANSERP é o órgão público responsável pelas políticas de transporte e mobilidade do município de Ribeirão Preto. E, segundo o seu superintendente, a política adotada, com o serviço prestado, tem como objetivo atrair pessoas para o transporte coletivo. Ou seja, que a pessoa deixe o seu veículo particular em casa e passe a usar os meios coletivos do município. Esse é um pensamento correto, basta saber que o deslocamento se tornou um problema urbano em todas as grandes cidades.

Mas, como tudo é conversa, bonita ou não, sabemos que gestão pública não se faz isoladamente. Dessa forma, TRANSERP, Governos Municipal, Estadual e Federal devem ter o mesmo objetivo – investimento nos transportes coletivos. Para tanto, não havendo essa troca, verificou-se que o número de veículos particulares no país não para de crescer. “Para cada dez habitantes de Ribeirão Preto existem quatro carros e duas motos em circulação na cidade, média acima da registrada em todo o Estado e também no País” (A Cidade – 4/7/2013), enquanto “O transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto deve perder quase três milhões de usuários durante este ano, média de 8 mil por dia” (A Cidade – 2/7/2013).

Conclusão: algo está errado e o mais absurdo é que o “Trevão do governo estadual” é uma obra contrária a política da TRANSERP – pelo menos, no entendimento da atração de usuário – um investimento no transporte privado ao invés de uma sistema de transporte coletivo eficiente, de qualidade entre os vários municípios vizinhos.

Fonte: Enfoque Ribeirão - Jul.2013 - Texto: André Barioni


Jornal A Cidade - 31/7/2013
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