O artigo abaixo de minha autoria foi publicado no jornal Enfoque Ribeirão Preto (Janeiro/2009). Ele é interessante porque traz uma discussão que nem sempre é feita e/ou percebida pelas pessoas quando estão diante do trânsito: pregam mais pelo aspecto econômico do que pela própria vida. Enquanto a política de trânsito for feita de maneira a permitir uma disputa econômica, ela nunca será vencedora. Ao fazer o seguro para o veículo, no Brasil, a pessoa escolhe o valor de sua vida e, pior, também o da vida de quem cruzar pelo seu caminho. Isso deveria ser proibido, por exemplo, se a política fosse feita para diminuir os acidentes de transito. Na maioria dos textos que serão publicados aqui, o leitor vai perceber que o aspecto econômico será sempre determinante nas decisões tomadas para o trânsito, como, por exemplo, a instalação de radares fixos em Ribeirão Preto-SP.
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O transporte é um serviço indispensável que mesmo gerando todos os problemas encontrados para a saúde pública, o meio ambiente e a economia da sociedade, essa atividade funcionará. Ou seja, o melhor que podemos fazer é encontrar maneiras para minimizar o seu impacto, democratizando-o e respeitando algumas regras convenientes para que as suas conseqüências negativas diminuam. Isso é fácil, desde que as políticas de transporte e trânsito colaborem para a construção de uma Mobilidade Urbana Sustentável, e não se perca para o aspecto econômico.
"O setor vem sendo garantido, em grande parte, pela receita proveniente das multas, o que constitui um grande risco, uma vez que o desejável é um trânsito disciplinado com reduzido número de infrações. Assim, a gestão do sistema trânsito deve se orientar pela independência financeira com relação ao resultado de multas, a partir da constatação de que a arrecadação de tais recursos é variável e desejavelmente decrescente" (Gestão Integrada da Mobilidade Urbana, 2006. p.39).
Assim está escrito na apostila Curso de Capacitação, do Ministério das Cidades,de 2006. A Educação no Trânsito deve existir desde as séries iniciais, onde a criança cria uma consciência do risco que é utilizar de forma errada o veículo, a preocupação em dirigir para você, para os outros e o fundamental, com os outros. Mas isso só é possível quando temos a certeza de que o sistema de trânsito está sendo organizado para ser democrático, não discriminando nenhuma pessoa de praticar a mobilidade.
Os radares servem para fazer com que os motoristas reduzam a velocidade do veículo para um mínimo confortável para prevenir acidentes. Ou seja, fazer o condutor prestar atenção para um risco maior à frente. No caso dos radares fixos na nossa cidade, a redução não serve para nada já que antes mesmo do viaduto os veículos já estão numa velocidade muito maior daquela permitida pelo radar e, para como prevenção também não é de utilidade, já que após o viaduto a distância até o semáforo é muito grande. Todos os acidentes que ocorreram no cruzamento com a Avenida Presidente Kennedy, foram provocados por quem corta a Avenida Maurílio Biaggi sem atenção.
Talvez fosse interessante a instalação de radares em outros locais da cidade com o intuito de prevenção e redução de velocidade, obrigando o motorista a prestar atenção sobre um possível perigo; mas, isso seria impossível, pois a empresa (que é mista: pública e privada) que faz a política de Transporte e Trânsito da nossa cidade garante o seu funcionamento com uma receita, financiada, dentre vários meios, sendo uma delas, as multas, indo contra o que o Ministério das Cidades propõe.
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