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segunda-feira, 15 de março de 2010

Questões de Trânsito: vida ou economia?


O artigo abaixo de minha autoria foi publicado no jornal Enfoque Ribeirão Preto (Janeiro/2009). Ele é interessante porque traz uma discussão que nem sempre é feita e/ou percebida pelas pessoas quando estão diante do trânsito: pregam mais pelo aspecto econômico do que pela própria vida. Enquanto a política de trânsito for feita de maneira a permitir uma disputa econômica, ela nunca será vencedora. Ao fazer o seguro para o veículo, no Brasil, a pessoa escolhe o valor de sua vida e, pior, também o da vida de quem cruzar pelo seu caminho. Isso deveria ser proibido, por exemplo, se a política fosse feita para diminuir os acidentes de transito. Na maioria dos textos que serão publicados aqui, o leitor vai perceber que o aspecto econômico será sempre determinante nas decisões tomadas para o trânsito, como, por exemplo, a instalação de radares fixos em Ribeirão Preto-SP.
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O transporte é um serviço indispensável que mesmo gerando todos os problemas encontrados para a saúde pública, o meio ambiente e a economia da sociedade, essa atividade funcionará. Ou seja, o melhor que podemos fazer é encontrar maneiras para minimizar o seu impacto, democratizando-o e respeitando algumas regras convenientes para que as suas conseqüências negativas diminuam. Isso é fácil, desde que as políticas de transporte e trânsito colaborem para a construção de uma Mobilidade Urbana Sustentável, e não se perca para o aspecto econômico.

"O setor vem sendo garantido, em grande parte, pela receita proveniente das multas, o que constitui um grande risco, uma vez que o desejável é um trânsito disciplinado com reduzido número de infrações. Assim, a gestão do sistema trânsito deve se orientar pela independência financeira com relação ao resultado de multas, a partir da constatação de que a arrecadação de tais recursos é variável e desejavelmente decrescente" (Gestão Integrada da Mobilidade Urbana, 2006. p.39).
Assim está escrito na apostila Curso de Capacitação, do Ministério das Cidades,de 2006. A Educação no Trânsito deve existir desde as séries iniciais, onde a criança cria uma consciência do risco que é utilizar de forma errada o veículo, a preocupação em dirigir para você, para os outros e o fundamental, com os outros. Mas isso só é possível quando temos a certeza de que o sistema de trânsito está sendo organizado para ser democrático, não discriminando nenhuma pessoa de praticar a mobilidade.

Em Ribeirão Preto, no final de 2008, foram instalados os primeiros radares fixos do município, na Avenida Maurílio Biaggi. Quantas mortes por motivo de Trânsito já houve nessa localização? Geralmente tem corridas (racha) de madrugada, mas há poucos acidentes e nem são nos locais em que foram instalados os radares. Para que eles servem, então? Provavelmente para as pessoas que chegam à cidade e não se preocupam ou se distraem sobre a velocidade máxima da avenida.

Os radares servem para fazer com que os motoristas reduzam a velocidade do veículo para um mínimo confortável para prevenir acidentes. Ou seja, fazer o condutor prestar atenção para um risco maior à frente. No caso dos radares fixos na nossa cidade, a redução não serve para nada já que antes mesmo do viaduto os veículos já estão numa velocidade muito maior daquela permitida pelo radar e, para como prevenção também não é de utilidade, já que após o viaduto a distância até o semáforo é muito grande. Todos os acidentes que ocorreram no cruzamento com a Avenida Presidente Kennedy, foram provocados por quem corta a Avenida Maurílio Biaggi sem atenção.

Talvez fosse interessante a instalação de radares em outros locais da cidade com o intuito de prevenção e redução de velocidade, obrigando o motorista a prestar atenção sobre um possível perigo; mas, isso seria impossível, pois a empresa (que é mista: pública e privada) que faz a política de Transporte e Trânsito da nossa cidade garante o seu funcionamento com uma receita, financiada, dentre vários meios, sendo uma delas, as multas, indo contra o que o Ministério das Cidades propõe.

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